segunda-feira, 1 de maio de 2017

Um dia para esquecer



Hoje eu só quero dizer que as coisas não vão bem. Só quero dizer que passei o dia me julgando, criticando tudo aquilo que não fiz, tudo que não consegui. Apontei todos os dedos contra mim de forma que eu me culpasse sem dó por estar pela terceira semana doente. Não tive pena, fui furiosa frente ao espelho, gritei, chorei, me joguei na cama, joguei o celular contra a parede e derrubei o café na mesa. 

É que eu só reparei tudo aquilo que não deu certo, dei atenção a tudo que me machuca, briguei com tudo e todos, me xinguei e não dei certo nem comigo mesma. Fiquei mal com vontade de me atirar pela janela e depois subir as escadas só para me jogar de novo, e assim sucessivamente. Furiosa. 

O sofrimento tem dessas coisas, ele me fez sentir penalizada por tudo aquilo que passou e tudo que está acontecendo, e é triste demais viver assim. Eu não quero lembrar de como meu maio começou, porque eu já queria que acabasse, assim, de fato. 

É saudade demais no peito, é vontade de reviver momentos; tenho várias frases entaladas, tenho raiva, cansaço e mágoas. E hoje, dia primeiro, tudo me sufocou. Tem uma universidade nas costas, pesada, uma semana de provas, falta de concentração e vontade de dormir para esquecer todas as coisas. Por outro lado, queria ouvir todas minhas músicas no último volume sem ter dó da vizinhança.

Apesar de toda essa crise, senti falta de alguém pegar minha mão e me convidar pra caminhar junto, de dividir o café e comprar o remédio pra minha tosse. Senti vontade de alguém bater na porta com um pote de mel e gengibre pra melhorar toda e qualquer gripe. Quis que alguém me colocasse no colo e mexesse no meu cabelo sem dizer nada, mas que ouvisse meu silêncio, assim, calmo e quieto.

Desejei, bem no fundo, que tivesse um amor puro do meu lado, que mesmo em minha crise existencial, insistisse em ficar, só pra ver as lágrimas rolarem e ir limpando uma por uma, só pra eu não me sentir assim tão só, mesmo sabendo que a gente tem que ser completo sozinho. Mas e quando você não quer estar tão sozinho assim? Quem vai julgar? Nem sempre dá pra carregar o mundo com duas mãos.

É que eu só queria reconhecer as coisas boas da vida, porque hoje eu só apontei o que doeu e ainda machuca aqui dentro. Hoje foi um dia atípico, triste, solitário e sem graça. Teve choro, desespero, tristeza, saudade e até pena. Que pena, não acho que ninguém mereça um dia assim, mas foi. 

Desejo para amanhã um novo dia, esperança, paz na alma e sossego.
Desejo para vida alguém para segurar a mão e caminhar junto.
No inverno, esquentar e no calor dançar, andando junto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário